domingo, 30 de março de 2008

Oportunidades em comunicação e reponsabilidade social


Apesar do crescente interesse pelas atividades de responsabilidade social, e do maior envolvimento dos profissionais de comunicação com estes projetos, ainda são raras as oportunidades de trabalho na área.
 
Um dos caminhos para se encontrar uma brecha é o blog Comunicação & Cidadania, que passou a publicar oportunidades de trabalho para profissionais de comunicação
interessados em atuar (de forma remunerada ou voluntária) em ONGs ou projetos sociais.

Quem desejar anunciar vagas (somente na área de comunicação) pode remeter o
texto para comcidadania@terra.com.br , indicando, além dos detalhes da vaga,
o nome e os contatos da pessoa responsável pela seleção.

domingo, 23 de março de 2008

Dia Mundial da Água


Só para registrar: ontem, 22 de março, foi o Dia Mundial da Água. A escassez de água já afeta 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo, segundo a Agência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). A cada 20 segundos morre uma criança vítima de más condições de saneamento que afetam cerca de 2,6 bilhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).


A data foi foi instituída em 1992, durante a conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento (Eco 92), que aconteceu no Rio de Janeiro.

Neste ano, coincide com o Ano Internacional do Saneamento, estabelecido pela organização para lançar um alerta sobre a falta do recurso que ainda atinge populações ao redor do planeta.

Menos de 3% das águas da Terra são doces e, destas, mais de dois terços estão inacessíveis para consumo humano. O Brasil detém cerca de 12% da água doce disponível no mundo, sendo que mais da metade (54%) desse total localiza-se na Amazônia e na bacia do rio Tocantins, onde está a menor população por quilômetro quadrado do país.
O aumento do acesso à água potável é uma das metas de desenvolvimento para o milênio estabelecido em 2002, na reunião de cúpula de Johannesburgo (África do Sul). Segundo a meta, é preciso reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso ao recurso no mundo até 2015.

A Vale é Verde?

Recebi estes dias um email falando de um texto publicado na Revista Piauí, de Luiz Maklouf, sobre os crimes ambientais da Vale. Como sempre cito a Vale em minhas aulas, como um exemplo de empresa que utiliza a responsabilidade social como parte da sua estratégia de negócio, fiquei intrigada com o artigo. Confira a seguir:

A Vale é Verde?

LUIZ MAKLOUF CARVALHO

Em maio fará dez anos que a Companhia Vale do Rio Doce foi privatizada. No mês seguinte, ela completa seu sexagésimo-quinto aniversário. Segunda maior mineradora do mundo (a maior é a anglo-australiana bhp Billiton), a empresa anunciou que gastará até o fim do ano mais de 400 milhões de reais na preservação do meio ambiente. É quatro vezes mais do que desembolsou em 2004 em projetos ecológicos. O investimento reforça sua imagem de companhia "verde", estratégia importante para ganhar pontos num mercado internacional cada vez mais sensível às questões ambientais.
Paradoxalmente, a Vale é também a mineradora campeã em multas do Ibama, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente. Desde a privatização, levou 56 autos de infração, no valor de 37 milhões de reais. A mineradora não reconhece a maioria deles. Defende-se com recursos ao órgão e a outras instâncias do Ministério do Meio Ambiente. No ano passado, as multas chegaram a 2,9 milhões de reais. Apenas 217 mil foram pagos.
"A Vale deveria ser a nossa melhor parceira, mas ela nos trata na base do chute", diz o engenheiro florestal Edivaldo Pereira da Silva, gerente executivo do Ibama em Marabá, no Pará, estado onde se concentra o grosso das multas. A companhia tem uma avaliação oposta. "Nossa parceria institucional com o Ibama é excelente", garante o economista Maurício José Lima Reis, diretor de gestão ambiental da Vale. "Isso não significa que não haja acidentes."
Nos escalões superiores do Ibama, a avaliação da Vale, ainda que negativa, não é tão crítica. O diretor de licenciamento ambiental, Luiz Felippe Kunz Jr., confirma que a empresa desrespeita com freqüência a legislação, mas frisa que esse comportamento não destoa do de outras grandes mineradoras. E ressalva que nunca houve interrupção do diálogo entre a companhia e o Instituto — apesar da repetitiva seqüência de autuações e recursos.
No ano passado, o Ibama multou a Vale catorze vezes, acusando-a de consumo de carvão proveniente de floresta nativa, de provocar incêndios em áreas de preservação ambiental, de destruir florestas permanentes e de manter em funcionamento serviços potencialmente poluidores. O auto de infração mais salgado — de 2 milhões de reais — foi lavrado em julho, por operação irregular e de risco nos postos de combustível das minas de ferro de Carajás, no município de Parauapebas.
As notas técnicas e os relatórios de vistoria do Ibama relacionam quinze infrações em meia dúzia de postos. Os problemas vão de rompimento de bacias de contenção a vazamentos contínuos em válvulas e tubos. Como se trata de postos nas imediações de linhas férreas de trânsito intenso, as infrações foram consideradas particularmente perigosas, pois as faíscas, conforme diz um relatório, aumentavam "o risco de incêndio/explosão". Os postos têm outras deficiências: fissuras em pisos, infiltração em muretas, falta de manutenção nas linhas, juntas e registros das bombas, indícios de contaminação e até "insuficiência de materiais de combate a incêndio, como extintores".
Além da multa de 2 milhões de reais (da qual está apelando), a Vale sofreu uma punição inédita em Carajás: o embargo do posto de abastecimento do pátio de manobras dos trens. Durante os últimos sete dias de julho passado, ele foi simplesmente proibido de funcionar. Se a sanção fosse contra o setor aéreo, durante uma semana nenhum avião programado para Guarulhos poderia abastecer nas bombas disponíveis no aeroporto.
Suspenso o embargo, houve nova fiscalização no mês seguinte, agosto. A nota técnica resultante concluiu que, "diante do quadro alarmante" e do "perigo iminente de incêndio/explosão", o embargo deveria voltar. Não voltou porque a direção do Ibama não quis. Só em outubro, depois que a Vale tomou providências, outra nota técnica suspendeu formalmente a proibição.
"O certo, em termos de segurança, era ter feito outro embargo e aplicado outra multa — agora seria de 50 milhões de reais —, mas o pessoal de Brasília fez uma avaliação diferente", diz o engenheiro Pereira da Silva, o homem do Ibama em Marabá. Ele acha que "a Vale do Rio Doce, arrogante como ela só, ignora o Ibama" da região. A maior prova, segundo ele, é a reação da Companhia à multa da mina do Sossego, em Canaã dos Carajás.
Trata-se de uma multa, até hoje não paga, de 2 milhões de reais, aplicada em maio de 2004 por causa de danos na Floresta Nacional de Carajás, onde a empresa lançou rejeitos que deveriam ter sido confinados a lagos artificiais. Maurício Reis, diretor da Vale, admite que "aconteceu realmente um acidente na operação inicial e a Vale imediatamente acatou a multa". Acatou, mas não pagou. Nem os 2 milhões, nem o que foi acertado, na Justiça Federal, para a conversão dessa dívida: a construção de dois centros de triagem de animais silvestres que seriam operados pelo Ibama. Reis atribui o não-pagamento "à burocracia do Ibama".
O Instituto discorda. De acordo com o diretor Luiz Felippe Kunz Jr., para quitar o que deve, a Vale teria simplesmente de assinar um termo de conversão da multa. "Mas com isso eles se tornariam réus confessos em relação ao dano causado, o que não é bom para a imagem de uma empresa preocupada com o meio ambiente." Maurício Reis afirma que a empresa cometeu "uma besteira" na mina do Sossego. E se diz tão interessado quanto o Ibama em resolver logo a pendência: "Mas entra a vírgula daqui, a vírgula dali, o advogado de lá, o advogado de cá e não se consegue fazer a coisa".
Em dezembro, o Ibama mandou um ofício à Vale informando que a inscreveria no Cadim, o cadastro dos créditos não quitados, e partiria para a execução fiscal. Deu quinze dias para a empresa se pronunciar. O prazo venceu em 14 de janeiro. A Vale respondeu uma semana depois. Disse que tem interesse em pagar a multa, mas solicitou que o Ibama agendasse mais uma reunião.
Por conta da mesma multa, a empresa responde ainda a duas ações públicas do Ministério Público Federal: uma civil, na qual se pede uma indenização de 10 milhões de reais, e outra criminal, já aceita pelo juiz destacado para o caso.
As protelações continuadas se explicam pela lentidão geológica da Justiça. No caso de multas ambientais superiores a 50 mil reais, a legislação prevê recurso a quatro instâncias administrativas: ao superintendente do órgão que multou, ao presidente do Ibama, ao ministro do Meio Ambiente e ao Conselho Nacional do Meio Ambiente. Sem contar que, depois de tudo isso, a empresa ainda poderá apelar a todas as instâncias judiciárias. A possibilidade de tantos recursos, como diz Kunz, faz com que "as empresas demorem muito a sentir no bolso a responsabilidade pelo dano causado".
A estratégia ambígua da Vale de investir no meio ambiente e paralelamente recorrer das multas não é uma invenção da administração privada. A maior das estatais, a Petrobras, também é uma das maiores infratoras das leis ambientais do país. Além do mais, desde a privatização o investimento da empresa na área se multiplicou, assim como a cobrança dos órgãos ambientais. Entre 1979 e 1989, por exemplo, no período anterior à privatização, a Mineração Rio do Norte, ligada à Vale, provocou um dos maiores desastres ambientais da Amazônia: despejou 24 milhões de toneladas de rejeitos da lavagem de bauxita no lago Batata, no Pará. Não houve multa, nem ação do Ministério Público.


segunda-feira, 17 de março de 2008

Exames de imagem a preços populares

Conhece alguém que não tem plano de saúde e precisa de fazer exames de imagem, como ressonância magnética, tomografia, ultrassonografia?
 
Então anote esta dica: Desde o final do ano passado existe um projeto que atende à população de baixa renda, oferecendo exames de diagnósticos por imagem a preços bem mais baratos que na rede privada. Chama-se Imagem Solidária.
 
Para utilizar o serviço, é preciso ir à Rua São Clemente, 216, Botafogo, no Rio de Janeiro, com identidade, pedido médico e um comprovante de renda. A pessoa passa por uma entrevista com a assistente social e depois é encaminhada para a realização do exame.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Bancos são socialmente responsáveis?

Há muita gente que acha que os bancos, pela natureza da sua operação,
não podem ser socialmente responsáveis. Outros já consideram que é
possível, sim. Uma pesquisa do Idec, publicada esta semana no site
Responsabilidade social (www.responsabilidadesocial.com.br), mostra
que a prática dos grandes bancos no Brasil ainda é muito tímida.
Acompanhe a seguir:

O discurso é forte, a intenção existe e algumas ações até mesmo estão
sendo empreendidas, mas os grandes bancos que operam no Brasil ainda
deixam a desejar quando o assunto é responsabilidade social. A
constatação está numa pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor (Idec), que avaliou o comportamento de entidades
financeiras em relação ao trabalho, consumidores e meio ambiente.

No estudo divulgado neste mês, o Idec analisou o discurso dos oito
maiores bancos de atuação nacional (com mais de 1 milhão de clientes),
entre junho e novembro de 2007. A pesquisa, exceto na parte referente
aos consumidores, se baseou nas respostas das próprias instituições.
"A nossa preocupação foi estabelecer uma avaliação com critérios
claros e que permitissem tanto comparar as instituições quanto mostrar
o posicionamento de cada uma delas em relação às melhores práticas de
responsabilidade sócio-ambiental", explica o assessor técnico do Idec,
Marcos Pó.

O resultado é surpreendente nesse momento em que os bancos tentam cada
vez mais atrelar sua imagem à sustentabilidade. Numa escala de 1 a 5
pontos, nenhuma das instituições chegou a 3 pontos e a média do setor
ficou em torno de 2 pontos. Os melhores desempenhos foram do ABN Amro
Real (2,75) e Bradesco (2,60), seguidos do Itaú (2,41), Banco do
Brasil (2,21), Caixa Econômica Federal (1,93), HSBC (1,73), Santander
(1,51) e Unibanco (1,51).

No quesito meio ambiente, por exemplo, o Santander ocupou o último
lugar do ranking (1,00), seguido do Unibanco e da Caixa (1,5). O
melhor desempenho foi do ABN, com três pontos. Já nas relações com os
trabalhadores, a melhor nota obtida foi do Itaú (3,25) e a pior do
Unibanco (1,75). Mas foi no item relações com consumidores que os
bancos tiveram as notas mais baixas: Itaú, HSBC, Unibanco e Santander
tiveram 1,33 (péssimo) e ABN, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa
ficaram com 2 (ruim).

"Uma instituição só pode ser considerada socialmente responsável se
aplicar os conceitos de ética, com o respeito à legislação e com a
preocupação sobre os seus impactos na sua operação cotidiana. Ações
filantrópicas e projetos sociais são louváveis, mas não substituem a
preocupação ética diária", destaca Marcos Pó.

Para o gerente nacional de responsabilidade social da Caixa, Jeter de
Souza, a comparação com outras instituições representa uma
oportunidade de aprendizado. "Não cabe um julgamento sobre os
critérios ou metodologias, pois são próprias do instituto que a
idealizou. Mas vale como aperfeiçoamento a partir da experiência e das
melhores práticas desenvolvidas pelas demais instituições
participantes", conta.

Segundo ele, a Caixa iniciou sua inserção nos conceitos e melhores
práticas voltadas para a sustentabilidade em 2004 e no segundo
semestre de 2007 a empresa passou por uma reestruturação, que teve
como orientação a valorização das pessoas e dos mecanismos de
governança corporativa. "Para este ano, o banco pretende aperfeiçoar a
política de crédito e risco, incluindo indicadores sociais e
ambientais", revela.

Para desenvolver a pesquisa, o Idec contou com a colaboração de
algumas instituições parceiras, como Amigos da Terra, Confederação
Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese),
Centro de Pesquisa de Empresas Multinacionais da Holanda (Somo), entre
outras. A íntegra do estudo
está no site do Idec (www.idec.org.br)

Relatório internacional
Três instituições citadas na pesquisa do Idec, também figuraram o
relatório Mind the Gap, produzido pelo Banktrack, organização
internacional sem fins lucrativos criada para fiscalizar e monitorar o
setor financeiro. O Banco do Brasil, Bradesco e Itaú obtiveram
resultados pouco acima da média das outras instituições analisadas,
porém baixos se tratados na escala de zero a quatro estabelecida pelo
estudo.

A pesquisa analisou, ao todo, 45 bancos espalhados por todo o mundo.
Para seleção, o Banktrack levou em conta os bancos com maior número de
ativos, empréstimos realizados, financiamento de projetos e seguros
oferecidos. As instituições foram avaliadas numa escala de zero
(política inexistente ou não-pública), um (vaga ou ainda uma
aspiração), dois (não-consistentes o suficiente), três (boas práticas,
faltando poucos ajustes) e quatro (total conformidade).

A base de comparação para as notas são práticas internacionais que se
tornaram paradigmas de sustentabilidade, tais como certificação de
florestas, do Forest Stewardship (FSC) e a Declaração dos Direitos
Humanos das Nações Unidas. O estudo foi divulgado em dezembro passado
e na página eletrônica da instituição (www.banktrack.org) é possível
consultar o perfil de todos os bancos do ranking.