terça-feira, 11 de outubro de 2011

Post novo no blog que mudou de endereço

Alô, vocês que costumavam ler este blog e ainda não foram para o novo endereço dele: tem post novo no ar! Apareçam para ler Quebrado e comentar!!!!

Aguardo sua visita

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Mudamos!

Primavera no ar, novos nome e endereço.
O blog mudou para Sustentabilidade e Comunicação e o novo endereço agora é .
Apareça! Comente! O objetivo continua falar da comunicação da responsabilidade social corporativa e da sustentabilidade.

Um abraço a quem segue este blog! Espero vocês no novo endereço!

Lucia Santa Cruz
Jornalista - Professora universitária

Consultora em Comunicação Corporativa

Questão de geração

Na fila do supermercado o caixa diz a uma senhora idosa que deveria
trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de
plástico não eram amigáveis ao meio ambiente. A senhora pediu
desculpas e disse: "Não havia essa onda verde no meu tempo."

O empregado respondeu: "Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha
senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com  nosso meio
ambiente. "

"Você está certo", responde a velha senhora, nossa geração não se
preocupou adequadamente com o meio ambiente.

Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e
cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a
fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e
eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas
outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo.
Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos
escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro
de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois
quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente.
Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas
descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não
nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é
que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as
roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre
novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles
dias. Naquela época tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não
uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço,
não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado
como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia
máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um
pouco frágil para o correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo,
e não plástico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos
para começar a degradar.

Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a
grama. Era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O
exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar
esteiras que também funcionam a eletricidade.
Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio
ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em
vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos.
Recarregávamos as canetas com tinta umas tantas vezes quanto fossem
necessárias, ao invés de comprar uma outra, de plástico, tipo Bic. Os
homens utilizam navalhaspara se barbear, ou aparelhos de gilete, ao
invés usar e jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes
só porque a lâmina ficou sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as
pessoas tomavam o bonde ou ônibus, e os meninos iam em suas bicicletas
ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi
24 horas. Tínhamos só  uma tomada em cada quarto, e não um quadro de
tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós
não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas
de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente,
mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na
minha época?

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Causas sociais abrirão manhãs de sábado na Globo




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A partir de 3 de setembro, a TV Globo colocará no ar um novo programa, Globo Cidadania, que irá englobar cinco programas que já existiam na grade das manhãs de sábado na TV Globo: Globo Educação, Ecologia, Ação, Ciência e Universidade. A nova atração será comandada por Serginho Groisman e reunirá reportagens voltadas às diferentes causas sociais, produzidas em sinergia pelas redações de cada um dos cinco programas.

“Queremos enriquecer a abordagem dos diferentes assuntos, trabalhar com temas, aparentemente complexos, e mostrar, a partir de uma abordagem diferenciada, ao telespectador que estes assuntos fazem parte do nosso cotidiano”, explicou Beatriz Azevedo, diretora de Responsabilidade Social e Relações Públicas da Central Globo de Comunicação (CGCOM).

João Alegria, da Fundação Roberto Marinho, Serginho Groisman e Beatriz Azeredo. (Crédito: TV Globo/Zé Paulo)
Na coletiva de lançamento do Globo Cidadania, realizada em São Paulo nesta terça-feira (16/8), Serginho Groisman, apresentador do programa Altas Horas, antecipou que seu trabalho à frente do programa não se restringirá à apresentação, mas também a reportagens. “Um pouco mais para frente, a minha postura será de fazer algumas intervenções nos cinco programas. Outra possibilidade é a de trazer entrevistados para os estúdios, deixar o programa com uma cara mais homogênea”, contou. Com o Globo Cidadania, o apresentador deixa, após 11 anos, a apresentação do programa Ação.


Antes mesmo de ir ao ar, parte do conteúdo produzido para a televisão será disponibilizado aos internautas na página globocidadania.com.br, disponível a partir do dia 3 de setembro. O portal também abrigará conteúdo exclusivo, passível de compartilhamento com redes sociais, e veiculará informações a respeito das iniciativas sociais da Rede Globo.
Como parte da estratégias de mobilização de diferentes públicos, O Globo Cidadania, após a exibição inédita aos sábados, será reprisado nos canais Futura, Globo News e Globo Internacional.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Veneno está na mesa

Impressionante.... Rachel Carson escreveu Primavera Silenciosa, em 1962, mas ainda hoje os agrotóxicos continuam sendo usados em larga escala, especialmente no Brasil. Vale a pena assistir o documentário de Silvio Tendler, disponível neste link: http://youtu.be/8RVAgD44AGg, e cuja sinopse está abaixo:

O Brasil é o país do mundo que mais consome agrotóxicos: 5,2 litros/ano por habitante. Muitos desses herbicidas, fungicidas e pesticidas que consumimos estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que representam à saúde pública.

O perigo é tanto para os trabalhadores, que manipulam os venenos, quanto para os cidadãos, que consumem os produtos agrícolas. Só quem lucra são as transnacionais que fabricam os agrotóxicos. A idéia do filme é mostrar à população como estamos nos alimentando mal e perigosamente, por conta de um modelo agrário perverso, baseado no agronegócio.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Moda verde - marketing ou preocupação genuína?

A passarela da moda é verde, ou pelo menos parece ser. Com algodão orgânico, tecido reciclado e corantes naturais fazendo seu caminho, preservar o planeta está se tornando parte da moda mainstream. Mas poderia ser tudo bom demais para ser verdade? Afinal, se são as más condições de trabalho ou os corantes químicos, os críticos estão sempre ter um senão em relação à indústria da moda. E o impacto das confecções de roupa  sobre o meio ambiente não pode ser negado. Da grande quantidade de água e pesticidas utilizados na produção de algodão para a pegada de carbono do transporte de peças de vestuário provenientes da China ou Bangladesh, a passarela e salvar o planeta nem sempre andam de mãos dadas.
Este é um trecho de uma reportagem do The Ecologist, escrita pela jornalista Sella Oneko, que pode ser lida na íntegra aqui, e que mostra que, 90% do vesturário na Grã-Bretanha são importados principalmente da Índia e da China. São cerca de 2 milhões de toneladas de roupas por ano, sendo que anualmente 1 milhão de peças são jogadas fora em aterros sanitários. 
Segundo a reportagem, para colocar a sustentabilidade em prática, a indústria da moda deve essencialmente se voltar para um modelo mais local, trabalhando com fornecedores menores.
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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Greenpeace faz teaser com símbolo chinês para "água"


O símbolo usado pelos chineses para representar a água aparece em manequins que o Greenpeace está espalhando por diversos lugares do mundo, os "水 MEN". A estratégia é o teaser da próxima campanha da entidade, que provavelmente envolverá a discussão sobre o uso da água e sua preservação.
Como parte da estratégia, o Greenpeace não está divulgando nenhum dado sobre a campanha, mas envia emails a sua lista de endereços cadastrados avisando que irá notificá-los assim que a campanha for lançada. Ou seja, uma típica estratégia de teaser, um recursos que o Greenpeace sabe utilizar bem., mobilizando a opinião pública e gerando notícia pela própria campanha.
Fotos dos manequins em várias cidades do mundo estão disponíveis aqui
O que fica faltando é uma medição da efetividade das iniciativas.

sábado, 2 de julho de 2011

Justiça suspende lei que proíbe sacolas plásticas em São Paulo




O Tribunal de Justiça derrubou, em caráter de liminar, a lei que proíbe a distribuição de sacolas plásticas em supermercados na cidade de São Paulo.
O Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de São Paulo entrou com uma ação contra a prefeitura e a Câmara Municipal. A lei, em vigor desde maio, garantia um período de adaptação para o comércio até 31 de dezembro.
O sindicato acionou a Justiça também em outros 20 municípios brasileiros que também vetam as sacolas plásticas. A decisão do TJ foi publicada no "Diário da Justiça".

A liminar foi concedida pelo desembargador Luiz Pantaleão. A Câmara Municipal de São Paulo e a Prefeitura têm 30 dias de prazo para apresentar mais informações sobre a lei de nº 15.374.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Sustentabilidade... é o que, mesmo?

Com este mote, a Eletrobras colocou no ar no último final de semana sua campanha publicitária em que pretende explicar o que é sustentabilidade, usando como resposta suas práticas.


A partir do tema “Sustentabilidade. Uma palavra cada vez mais fácil de entender quando você conhece o trabalho da Eletrobras”, a campanha, criada pela Agência3, mostra o trabalho da Eletrobras, ligada não só ao meio ambiente, mas também à responsabilidade social, à solidez econômico-financeira, além de itens de governança corporativa.

A campanha é veiculada em TV em rede nacional, anúncios nas revistas Veja, Época, Carta Capital e IstoÉ e painéis eletrônicos nas principais cidades do país.

A mídia impressa traz apenas uma folha, cujo formato representa o conceito. Em um deles a folha forma uma cidade e o conceito explica: “Sustentabilidade é saber que desenvolvimento e o meio ambiente são uma coisa só”. São cinco anúncios no total.
A campanha tem também dois filmes de 30’’ – intitulados “Palavra Difícil” – , que brincam com a dificuldade de se pronunciar sustentabilidade.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Comunicação e Sustentabilidade em debate

Comunicação e Sustentabilidade é o tema que abre a temporação 2011 da série Encontros de Comunicação Corporativa, que acontece nesta quinta, 16 de junho, em São Paulo. A convidada do evento é a diretora de sustentabilidade da BM&F Bovespa, Sonia Favaretto. O encontro será realizado das 8h30 às 11h no auditório do Centro Brasileiro Britânico, que fica na rua Ferreira de Araújo, 741, em Pinheiros. A participação é gratuita e deve ser confirmada pelo e-mail contato@abracom.org.br até o dia 14 de junho.

Na palestra, Sonia Favaretto vai apresentar o guia "Novo Valor – Sustentabilidade nas Empresas – como começar, quem envolver e o que priorizar", lançado recentemente pela Bolsa. Ela vai mostrar a importância do tema da sustentabilidade nas organizações, especialmente no momento de desenvolvimento e expansão internacional da economia brasileira. O papel estratégico da comunicação para a sustentabilidade estará em pauta, assim como a transposição do tema para todas as empresas, mesmo aquelas que não estão no mercado de capitais.

O encontro será mediado pelo presidente da Abracom, Ciro Dias Reis e terá a participação do público, que poderá fazer perguntas e comentários. As vagas são limitadas e abertas a profissionais de agências, empresas, universidades, governos e demais interessados nos temas da sustentabilidade e da comunicação corporativa.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pela mídia

Uma boa matéria sobre as novas regras do Conar fui publicada ontem, dia 8, pelo jornal Estado de São Paulo:

Andrea Vialli - O Estado de S.Paulo
A partir de 1.º de agosto, a publicidade veiculada no Brasil não deverá mais enaltecer os atributos "verdes" de um produto ou serviço se as empresas não puderem comprovar essas qualidades. O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) definiu ontem um conjunto de normas para regulamentar a publicidade que contenha apelos de sustentabilidade.
O objetivo é coibir a banalização da propaganda sobre o tema e evitar que o consumidor fique confuso em relação ao que é um produto verde ou sustentável. "Um anúncio que cite a sustentabilidade deve conter apenas informações ambientais passíveis de verificação e comprovação", diz a norma. Segundo Gilberto Leifert, presidente do Conar, não se trata de um boicote a esse tipo de publicidade.
"Não estamos buscando punir essas empresas, mas sim elevar o nível da publicidade sobre sustentabilidade", diz. Leifert ressalta que países como Canadá, França e Inglaterra já limitam a publicidade ambiental, com o objetivo de reduzir o chamado greenwashing - termo que define a propaganda enganosa de atributos verdes de produtos ou serviços.
De acordo com as novas recomendações, as empresas também devem seguir critérios ao anunciar benefícios sociais e ambientais de determinados produtos. "Não serão considerados pertinentes apelos que divulguem como benefício socioambiental o mero cumprimento de disposições legais", segundo os critérios.
Segundo Leifert, as empresas que descumprirem as normas ficam sujeitas a punições que variam de advertência à suspensão da campanha publicitária e divulgação pública do descumprimento da regulamentação.
Caso emblemático. A discussão sobre a regulamentação da publicidade verde tomou força após a suspensão, em abril de 2008, de duas campanhas publicitárias da Petrobrás. O Conar suspendeu as campanhas, que ligavam o nome da empresa a ações de responsabilidade ambiental, após pedido de análise de um grupo de instituições governamentais e ONGs.
As instituições acusavam a estatal de anunciar um comprometimento com o ambiente que não seria verdadeiro, pois na ocasião a empresa resistia em reduzir o teor de enxofre no diesel, fator de agravamento da poluição nos centros urbanos.
Após a suspensão das peças publicitárias, a empresa aceitar firmar um acordo com o Ministério Público Federal para reduzir o poluente no combustível.
Oportunismo. Na avaliação de Mariana Ferraz, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a medida é bem-vinda, pois traz clareza a empresas e consumidores. "Hoje vemos uma enxurrada de greenwashing na publicidade. As empresas se vendem como verdes, dizem que plantam árvores, mas ninguém fiscaliza essas ações", afirma.
"Agora os consumidores poderão utilizar o Conar para denunciar empresas que estejam mentindo nesse campo", completa a advogada.
Segundo Mariana, recente pesquisa sobre bancos realizada pelo Idec com consumidores mostrou que é grande o ceticismo em relação às boas práticas sociais e ambientais das instituições financeiras. "Nesse caso específico, o consumidor vê a publicidade verde como um oportunismo.".
De acordo com a advogada, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) já prevê punições a empresas que veiculam propaganda abusiva.
 

Conar restringe propaganda enganosa de empresa ''verde''

Órgão que autorregula publicidade quer coibir banalização do tema sustentabilidade nas campanhas

Conar lança regras para impedir greenwashing


A partir de 1 de agosto, a publicidade no Brasil que contenha apelos de sustentabilidade terá que seguir algumas regras criadas pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, divulgadas no dia 7/6.
As regras estabelecem princípios a serem seguidos, como as alegações de benefícios socioambientais deverão corresponder a práticas concretas adotadas; as informações veiculadas deverão ser verdadeiras, exatas e precisas, devem ser comprováveis, endossadas por fontes externas, devem ter relação lógica a área de atuação das empresas, e/ou com suas marcas, produtos e serviços. No caso de publicidade de ações de marketing relacionado a causas, a(s) causa(s) e entidade(s) oficial(is) ou do terceiro setor envolvido(s) na parceria com as empresas, suas marcas, produtos e serviços devem ser explicitadas.
O Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, documento que, desde 1978, reúne os princípios éticos que regulam o conteúdo das peças publicitárias no país, já continha recomendações sobre o tema mas elas foram inteiramente revisadas, sendo reunidas no artigo 36 do Código e detalhadas no Anexo U.
De acordo com a nota oficial do Conar, o sentido geral das novas normas é reduzir o espaço para usos do tema sustentabilidade que, de alguma forma, possam banaliza-lo ou confundir os consumidores. Além de condenar todo e qualquer anúncio que estimule o desrespeito ao meio ambiente, o Código recomenda que a menção à sustentabilidade em publicidade obedeça estritamente a critérios de veracidade, exatidão, pertinência e relevância.
Um anúncio que cite a sustentabilidade deve, assim, conter apenas informações ambientais passíveis de verificação e comprovação, que sejam exatas e precisas, não cabendo menções genéricas e vagas. As informações devem ter relação com os processos de produção e comercialização dos produtos e serviços anunciados e o benefício apregoado deve ser significativo, considerando todo seu ciclo de vida.
As novas normas incorporam o princípio que orientou a revisão, em 2006, das regras éticas para a publicidade de produtos e serviços que visam crianças e adolescentes, que considera que a publicidade deve ser fator coadjuvante na formação dos cidadãos. Este princípio está resumido nas frases que servem de introdução ao Anexo U:
"É papel da Publicidade não apenas respeitar e distinguir, mas também contribuir para a formação de valores humanos e sociais éticos, responsáveis e solidários. O Conar encoraja toda Publicidade que, ao exercer seu papel institucional ou de negócios, também pode orientar, desenvolver e estimular a sociedade objetivando um futuro sustentável".
As novas normas entram em vigor em 1º de agosto e valem para todos os meios de comunicação, inclusive a internet.

Confira a íntegra das novas normas:
Artigo 36 do Código 
A publicidade deverá refletir as preocupações de toda a humanidade com os problemas relacionados com a qualidade de vida e a proteção do meio ambiente; assim, serão vigorosamente combatidos os anúncios que, direta ou indiretamente, estimulem:
  1. a poluição do ar, das águas, das matas e dos demais recursos naturais;
  2. a poluição do meio ambiente urbano;
  3. a depredação da fauna, da flora e dos demais recursos naturais;
  4. a poluição visual dos campos e das cidades;
  5. a poluição sonora;
  6. o desperdício de recursos naturais.
 Parágrafo único
Considerando a crescente utilização de informações e indicativos ambientais na publicidade institucional e de produtos e serviços, serão atendidos os seguintes princípios:
  1. veracidade – as informações ambientais devem ser verdadeiras e passíveis de verificação e comprovação;
  2. exatidão – as informações ambientais devem ser exatas e precisas, não cabendo informações genéricas e vagas;
  3. pertinência – as informações ambientais veiculadas devem ter relação com os processos de produção e comercialização dos produtos e serviços anunciados;
  4. relevância – o benefício ambiental salientado deverá ser significativo em termos do impacto total do produto e do serviço sobre o meio ambiente, em todo seu ciclo de vida, ou seja, na sua produção, uso e descarte.
 Anexo U - Apelos de sustentabilidade
É papel da Publicidade não apenas respeitar e distinguir, mas também contribuir para a formação de valores humanos e sociais éticos, responsáveis e solidários.
O CONAR encoraja toda Publicidade que, ao exercer seu papel institucional ou de negócios, também pode orientar, desenvolver e estimular a sociedade objetivando um futuro sustentável.
REGRA GERAL

(1) Para os efeitos deste Anexo, entender-se-á por "Publicidade da Responsabilidade Socioambiental e da Sustentabilidade" toda a publicidade que comunica práticas responsáveis e sustentáveis de empresas, suas marcas, produtos e serviços.
(2) Para os efeitos deste Anexo, entender-se-á por "Publicidade para a Responsabilidade Socioambiental e para a Sustentabilidade" toda publicidade que orienta e incentiva a sociedade, a partir de exemplos de práticas responsáveis e sustentáveis de instituições, empresas, suas marcas, produtos e serviços.
(3) Para os efeitos deste Anexo, entender-se-á por "Publicidade de Marketing relacionado a Causas" aquela que comunica a legítima associação de instituições, empresas e/ou marcas, produtos e serviços com causas socioambientais, de iniciativa pública ou particular, e realizada com o propósito de produzir resultados relevantes, perceptíveis e comprováveis, tanto para o Anunciante como também para a causa socioambiental apoiada.
Além de atender às provisões gerais deste Código, a publicidade submetida a este Anexo deverá refletir a responsabilidade do anunciante para com o meio ambiente e a sustentabilidade e levará em conta os seguintes princípios:
 1. CONCRETUDE
As alegações de benefícios socioambientais deverão corresponder a práticas concretas adotadas, evitando-se conceitos vagos que ensejem acepções equivocadas ou mais abrangentes do que as condutas apregoadas.
A publicidade de condutas sustentáveis e ambientais deve ser antecedida pela efetiva adoção ou formalização de tal postura por parte da empresa ou instituição. Caso a publicidade apregoe ação futura, é indispensável revelar tal condição de expectativa de ato não concretizado no momento da veiculação doanúncio.
 2. VERACIDADE
As informações e alegações veiculadas deverão ser verdadeiras, passíveis de verificação e de comprovação, estimulando-se a disponibilização de informações mais detalhadas sobre as práticas apregoadas por meio de outras fontes e materiais, tais como websites, SACs (Seviços de Atendimento ao Consumidor), etc.
 3. EXATIDÃO E CLAREZA
As informações veiculadas deverão ser exatas e precisas, expressas de forma clara e em linguagem compreensível, não ensejando interpretações equivocadas ou falsas conclusões.
 4. COMPROVAÇÃO E FONTES 
Os responsáveis pelo anúncio de que trata este Anexo deverão dispor de dados comprobatórios e de fontes externas que endossem, senão mesmo se responsabilizem pelas informações socioambientais comunicadas.
 5. PERTINÊNCIA 
É aconselhável que as informações socioambientais tenham relação lógica com a área de atuação das empresas, e/ou com suas marcas, produtos e serviços, em seu setor de negócios e mercado. Não serão considerados pertinentes apelos que divulguem como benefício socioambiental o mero cumprimento de disposições legais e regulamentares a que o Anunciante se encontra obrigado.
 6. RELEVÂNCIA
Os benefícios socioambientais comunicados deverão ser significativos em termos do impacto global que as empresas, suas marcas, produtos e serviços exercem sobre a sociedade e o meio ambiente - em todo seu processo e ciclo, desde a produção e comercialização, até o uso e descarte.
 7. ABSOLUTO
Tendo em vista que não existem compensações plenas, que anulem os impactos socioambientais produzidos pelas empresas, a publicidade não comunicará promessas ou vantagens absolutas ou de superioridade imbatível. As ações de responsabilidade socioambiental não serão comunicadas como evidência suficiente da sustentabilidade geral da empresa, suas marcas, produtos e serviços.
 8. MARKETING RELACIONADO A CAUSAS
A publicidade explicitará claramente a(s) causa(s) e entidade(s) oficial(is) ou do terceiro setor envolvido(s) na parceria com as empresas, suas marcas, produtos e serviços.
O anúncio não poderá aludir a causas, movimentos, indicadores de desempenho nem se apropriar do prestígio e credibilidade de instituição a menos que o faça de maneira autorizada.
As ações socioambientais e de sustentabilidade objeto da publicidade não eximem anunciante, agência e veículo do cumprimento das demais normas éticas dispostas neste Código.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sou responsável mas minha propaganda....

 
Ser socialmente responsável está muito além de ter ações pontuais voltadas para a comunidade, um belo relatório no final de ano e algumas mensagens para os principais stakeholders. Na verdade, mesmo empresas que possuem programas estruturados de responsabilidade social, daqueles com metas e resultados quantificados, podem engasgar quando o assunto envolve a publicidade de seus produtos.
Um bom exemplo para esta discussão é o caso da indústria de alimentos. Várias das grandes do setor já desenvolvem ações de responsabilidade social, muitas das quais premiadas e reconhecidas. Mas ainda falta repensar a questão da sua propaganda, voltada basicamente para o público infantil, se valendo de estratégias de marketing que colocam em questão as atitudes responsáveis da empresa.
Quase 80% dos pais considera a propaganda de alimentos prejudicial aos filhos, apontou uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha para a ONG Instituto Alana, uma ONG que luta há anos pela aprovação de uma legislação mais dura para a publicidade dirigida às crianças. A existência de uma publicidade voltada para um público em formação, que usa e abusa do lúdico, do fantástico e de temas do universo de meninos e meninas é um fator que dificulta a formação de hábitos alimentares saudáveis - os quais terão um impacto por toda a vida adulta do indivíduo.
Qual a responsabilidade das empresas produtoras dos alimentos neste processo? Ela acaba quando o produto está disponível na prateleira? Ou ela deve envolver não apenas a cadeia de produção mas também o questionamento do próprio produto e de sua utilização?
E como ficam as agências de propaganda e os demais envolvidos na criação de propagandas para a venda de alimentos?
Quem quer ser responsável (e, além disso, sustentável) tem que ir muito além de incorporar a palavra SOCIAL em seus documentos internos e em seus veículos de comunicação.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Virada Sustentável

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Depois de finais de semana que reuniram diversas atrações culturais e musicais em várias capitais brasileiras, São Paulo vai receber nos dias 4 e 5 de junho a primeira Virada Sustentável, na Semana Mundial do Meio Ambiente. O evento vai reunir mais de 300 atrações culturais e recreativas que tenham como conteúdo principal os temas ligados à sustentabilidade (meio ambiente, diversidade, consumo consciente, biodiversidade, direitos humanos, clima, energia, mobilidade etc). O principal objetivo é difundir e ampliar a informação sobre sustentabilidade na sociedade, utilizando a arte e as atividades lúdicas como principais ferramentas de comunicação, inspirando as pessoas a enxergarem na sustentabilidade um valor coletivo.
 
São peças de teatro, mostras de cinema, exposições de fotos, shows, instalações, performances, oficinas, jogos universitários e diversas outras atrações e ações gratuitas, que acontecerão em cerca de 60 locais da Grande São Paulo. (confira a programação completa).
 
A iniciativa conta com o apoio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo (SVMA) e da Secretaria do Meio Ambiente (SMA) do Estado de São Paulo, da Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED), da Prefeitura de São Paulo, e da Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo. Além destes órgãos, a Virada Sustentável tem o apoio institucional da Rede Nossa São Paulo e do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), além das parcerias com a agência de publicidade Lew'Lara/TBWA e da empresa Farah Service, responsáveis pela campanha de divulgação e prospecção de recursos junto aos patrocinadores, e com a Lead Comunicação e Sustentabilidade para assessoria de imprensa. A Green CO2 será a empresa responsável pelo inventário e neutralização das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) de todo o evento.
 
Também apoiam o evento a TV Globo São Paulo, Rádio Eldorado (rádio oficial) e aTrip Editora.
 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pintar o telhado de branco para combater ilhas de calor....

Tramita em São Paulo um projeto de lei municipal obrigando os moradores a pintarem os telhados das casas e prédios de branco, como forma de diminuir a temperatura nas ilhas de calor. Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que realizou mapeamento térmico da cidade com apoio do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), a diferença de temperatura entre o centro da capital e as áreas periféricas chega a ser de 10 graus Celsius. 
De acordo com o Instituto Ethos, que publicou em seu site um texto sobre o assunto (leia aqui) , a solução carece de mais embasamento científico e ainda não foi adotada em nenhum país ou cidade de forma generalizada. O Projeto de Lei 01-0615/2009 do vereador Goulart do PMDB (leia a íntegra) propõe integrar ao conteúdo do Código de Obras e Edificações (Lei n.º 11.228/1992) as seguintes determinações: 

• Todos os telhados e coberturas das edificações deverão ser da cor branca; 
• As edificações terão 180 dias para se adaptar (ou seja, pintar o telhado de branco), a contar da data de publicação da lei; 
• As despesas com a adaptação correrão por conta dos proprietários, sem incentivo do poder público. 

O Conselho Brasileiro da Construção Sustentável (CBCS) não recomenda nenhuma política pública que torne obrigatória a solução proposta pelo PL 01-0615/2009, de pintar de branco todos os telhados da cidade de São Paulo, seja nas edificações novas, seja nas já existentes. O conselho acredita que não se deve privilegiar uma cor ou uma alternativa técnica em detrimento de outras. 

A entidade recomenda o uso de toda e qualquer solução que possa reduzir a carga térmica e combater as ilhas de calor, tais como: telhados frios, tetos verdes, isolamento térmico de telhado, arborização urbana, pavimentos frios etc. E que o uso de qualquer técnica seja promovido no mercado brasileiro por seus reais benefícios. 

Além disso, ainda existem outras razões para questionar o projeto, como a descaracterização de prédios históricos, o ofuscamento e desconforto visual para vizinhos, aviões e helicópteros, o rápido desgaste da tinta. 

Tem gente querendo pegar carona na onda da sustentabilidade.....

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Trabalhando os stakeholders

No planejamento de comunicação integrada, um dos aspectos fundamentais é identificar os stakeholders e trabalhar continuamente este relacionamento. 

Quando falamos de comunicação para licenciamento ambiental, um dos stakeholders a ser bem trabalhado são os jornalistas. Além de pensar as mídias locais e comunitárias, a comunicação deve executar ações específicas para veículos de alcance nacional. Isso é ainda mais importante quando falamos de empreendimentos com impacto ambiental de grande porte, como é o caso de Belo Monte.
 
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República promoveu ontem, terça-feira, dia 17, o Workshop Belo Monte para Jornalistas. O evento aconteceu no auditório do Ministério de Minas e Energia, em Brasília, a partir das 9h., e reuniu cerca de 60 jornalistas.
 
Da programação contavam apresentações do diretor de Construção e Engenharia, Luiz Rufato, e do diretor Socioambiental, Antônio Raimundo Coimbra, ambos da Norte Energia S.A, empresa responsável pela construção e operação da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Participaram ainda do evento os presidentes da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Curt Trennepohl, além do secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Alcino Ventura Filho. Para ver as apresentações, clique aqui.
 
De acordo com o blog do Consórcio Belo Monte, o licenciamento ambiental para a implantação da hidrelétrica começou em 2006, com solicitação da Eletrobras ao Ibama. O processo seguiu com a elaboração do Termo de Referência, que orientou a elaboração do EIA-Rima por parte da estatal. Este documento foi aprovado pelo Ibama em maio de 2009, dando início ao diálogo com a população diretamente impactada pela obra. Em quatro audiências públicas, foram reunidos mais de oito mil participantes, incluindo representantes indígenas.

A Licença Prévia (LP) foi emitida em fevereiro de 2010, atestando a viabilidade ambiental do projeto. "A licença prévia atesta a viabilidade ambiental desde que observadas as condicionantes estabelecidas. A licença prévia traz as condicionantes para mitigar os impactos negativos e potencializar os positivos", declarou. Trennepohl frisou que, portanto, não cabe, após a concessão da LP, a reavaliação da viabilidade ambiental da obra, mas sim a análise do cumprimento das condicionantes necessárias para emissão da licença de instalação (LI).

SegundoTrennepohl, a análise dos dados colhidos para liberação da LI ainda está em curso, não sendo possível estabelecer um prazo para a emissão da licença. A vistoria mais recente ocorreu entre os dias 2 e 14 de maio. Os pareceres estão em fase de elaboração pelos 24 técnicos do órgão, envolvidos no processo Belo Monte. "Se todas as condicionantes estiverem cumpridas, o Ibama vai emitir licença para instalação da obra. Não cumpre ao Ibama permitir ou não a construção, mas ver se as condicionantes foram ou não cumprida", reforçou.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Uma questão de imagem

Por trás das negociações em torno da votação do novo Código Florestal, uma questão de imagem, identidade e reputação. Pelo menos é o que se depreende da reportagem publicada hoje, 12/5,2011,  pela agência Carta Maior, reproduzida abaixo:

Código Florestal: de olho no exterior, governo faz guerra de nervos

Convencido pelo Itamaraty, Planalto joga duro com ruralistas para salvar prestígio ambiental brasileiro a um ano de o país sediar encontro planetário sobre desenvolvimento sustentável. Escalado por Dilma Rousseff para minimizar estragos, ministro Antonio Palocci comanda estratégia de guerra de nervos que desorienta adversários e torna desfecho imprevisível. Bancada do agronegócio mostra que já não tem força de outros tempos, mas a do meio ambiente ainda depende da opinião pública.

André Barrocal

BRASÍLIA – O Brasil vai sediar, em junho de 2012, conferência sobre desenvolvimento sustentável e economia verde, a Rio+20, duas décadas depois do encontro planetário mais importante realizado até hoje nessa área, a Rio-92. Em debate recente no Senado, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que "será, provavelmente, a maior conferência internacional do mandato da presidenta Dilma Rousseff". O governo está decidido a explorar a reunião para manter o prestígio ambiental do país no mundo. 

É a imagem do Brasil no exterior que ocupa hoje o centro do imbróglio político mais complexo e de desfecho imprevisível do início da gestão Dilma, a mudança do Código Florestal. Uma negociação transformada em guerra de nervos pelo governo na esperança de reduzir estragos à imagem do país e da presidenta. E que mostra que a bancada ruralista já não tem a mesma força do passado; que os parlamentares ambientalistas dependem da ajuda da sociedade; e que adversários tradicionais, como agricultores familiares e grandes produtores, às vezes podem se unir.

As movimentações no Congresso para mudar o Código começaram no segundo semestre de 2008, depois de o então ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, dois meses após substituir Marina Silva, ter convencido o ex-presidente Lula a assinar decreto multando em até R$ 50 milhões donos de terra que desmatassem além do permitido. O decreto, que entrará em vigor em junho, fazia o Código, que é de 1965, funcionar para valer. E botava na ilegalidade a maioria dos agricultores. Grandes e pequenos, comerciais ou de subsistência.

Para evitar as multas milionárias e sem ser incomodado pelo governo, o setor rural conseguiu construir, de 2009 em diante, uma proposta em parceria com o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), para mexer no Código. Esteve a um passo de votá-la em abril deste ano, quando Patriota alertou Dilma de que o projeto, como estava, teria repercussão internacional negativa para o Brasil, a um ano da Rio+20. A presidenta decidiu, então, escalar seu ministro mais forte, Antonio Palocci, chefe da Casa Civil, para buscar uma saída que minimizasse ao máximo o potencial de danos à reputação brasileira.

Palocci e a guerra de nervos
O anúncio das intenções do Planalto foi feito pelo próprio ministro de forma inesperada e em linguagem cifrada, em meio à primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da gestão Dilma Rousseff, dia 26 de abril. Palocci declarou que o governo queria uma proposta que levasse o Brasil a ser conhecido no mundo "como o país mais comprometido com o agronegócio e com mais respeito ao meio ambiente".

Desde então, num acerto com Palocci, todas as manifestações de lideranças governistas na Câmara, em plenário ou em reuniões fechadas, enfatizam o impacto internacional de se mexer no Código. O ministro também chamou ao Planalto para conversar, por duas vezes, a ex-presidenciável Marina Silva (PV), símbolo do ambientalismo brasileiro no mundo. 

Os ruralistas, contudo, rejeitam a tentativa do governo de usar os efeitos no exterior como argumento na negociação. E lembram que existem ONGs patrocinadas por países sem o rigor ambiental brasileiro. Na manhã desta quarta-feira (11/05), uma enorme lona colocada no gramado em frente ao Congresso dizia "ONGs, cuidem do seu quintal, lá não tem APP", numa referência às áreas de proteção permanente previstas no Código. "Não podemos ficar reféns da opinião pública internacional", reclamou o coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Moreira Mendes (PPS-RO)

Palocci também está por trás de uma estratégia de guerra de nervos que atingiu o ponto máximo nesta quarta-feira (11/05). Depois de exaustivas e confusas reuniões, que se arrastam há mais de duas semanas e ao fim das quais nem parlamentares nem ministros parecem dizer a mesma coisa, os deputados estavam em plenário prontos para votar o relatório de Aldo Rebelo, com aparente anuência do governo. Mas o próprio governo boicotou a votação, na última hora.

"Em cinco mandatos, eu nunca vi isso. A Dilma não quer nem deixar o texto ser votado", afirmou o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR). "Não sei o que acontece. O governo está criando confusão. Diz uma coisa e faz outra. Mas se puser para votar, nós (ruralistas) ganhamos", disse o deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR), ministro de Agricultura do ex-presidente Lula.

Bancada ruralista: peso menor
O coordenador da frente ruralista tem opinião diferente sobre as chances de vitória em caso de confronto. Para Moreira Mendes, os partidos aliados do Planalto estão contra a parede, e dificilmente os ruralistas ganhariam. Além disso, tentativas recentes da bancada de enfrentar o governo fracassaram. Na própria quarta-feira (11/05), suas lideranças tentaram forçar a votação do novo Código, mas juntaram só 177 deputados, 80 a menos do que precisariam para vencer o governo. Em abril, a bancada já havia sido derrotada na Câmara ao propor benesse fiscal para fabricante de agrotóxico. 

"Essa Casa não é refém do ruralismo", disse o deputado Sarney Filho (PV-MA), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista. "A bancada ruralista não está mais com essa bola toda, não pode mais fazer a chantagem que fazia antes contra o governo", concordou o cientista Antonio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). 

Mesmo que sem a musculatura de outros tempos, o setor ainda exibe um peso que não pode ser desprezado. Nas contas do Diap, que tem um livro com a radiografia dos congressistas, a bancada ruralista possui 160 parlamentares atuando dia e noite pelo agronegócio, um quarto de todo o Congresso. Além disso, o setor tem laços cada vez mais fortes com o PMDB, partido do vice-presidente da República, Michel Temer, e do ministro da Agricultura, Wagner Rossi. 

A relação ruralistas-PMDB começou a aprofundar-se quando o ex-presidente Lula deu o ministério ao partido, em 2007. E avançou com o encolhimento dos adversários do governo, PSDB e DEM, abrigos tradicionais do setor rural. A presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), senadora Katia Abreu (TO), elegeu-se pelo DEM em 2006 e esteve com um pé no PMDB no início de 2011, mas acabou no recém-criado PSD.

Ambientalismo: dependência externa

Apesar de algum enfraquecimento ruralista no Congresso, a causa ambiental segue dependente de aliados como a opinião pública, ONGs e outras entidades simpatizantes, para resistir aos interesses agropecuários. "O ambientalismo não tem força aqui dentro", disse o deputado Ricardo Trípoli (PSDB-SP), militante do setor. "Precisamos sempre do apoio de fora."

E o governo tem contribuído para que haja – e conta com - "apoio de fora" do Congresso na negociação do Código Florestal. Faz parte da sua estratégia segurar a votação e ganhar tempo para que mobilizações criem clima desfavorável aos ruralistas e diminuam a margem de mudança da lei ambiental. 

A exemplo do governo, a militância ambiental acordou tarde para o debate do Código. Só a partir de 28 de abril é que um pool de ONGs, chamado SOS Florestas, passou a organizar atos pelo país. O cronograma de manifestações termina dia 5 de junho. Coincidentemente, dia mundial do Meio Ambiente. A efeméride será mais uma arma usada por governo e ambientalistas para pressionar os parlamentares a resistirem aos ruralistas. 

O calendário também joga contra os produtores num outro aspecto que influencia as negociações. O decreto com multas a desmatadores entra em vigor dia 11 de junho. A pressa, portanto, é dos agricultores. Para estrategistas políticos do governo, quanto mais perto estiver o início das multas sem que tenha havido um desfecho, mais difícil será para os ruralistas arrancar concessões.

Do ponto do setor ambiental, qualquer que seja a concessão, por menor que pareça, ficará um gosto de derrota. O ideal seria manter o Código Florestal intocado. Mas o Planalto, embora faça jogo duro, reconhece que a maioria da agropecuária estará na ilegalidade, caso não haja adaptações. Inclusive a agricultura familiar, aliado tradicional dos ambientalistas em disputas contra o agronegócio. O Código tem regras para todas as propriedades, não importa o tamanho. Segundo censo de 2006 do IBGE, o Brasil possui 5,1 milhões de proporiedades rurais, sendo 4,3 milhões (85%) de agriculturores familiares.

Na batalha em torno do Código, os ruralistas recorreram até mesmo ao fantasma da inflação. Em nota oficial da CNA, a senadora Katia Abreu disse que "a aplicação pura e simples da atual legislação desempregará trabalhadores e reduzirá a produção de alimentos". Em recente audiência pública com o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, no Congresso, o ruralista Domingos Sávio (PSDB-MG) afirmou que, sem mudar o Código, os produtores não vão mais querer plantar, e o preço da comida subiria. 

O novo round para o plenário da Câmara debater o Código está marcado para a próxima terça-feira (17). O presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), que fez campanha prometendo aos ruralistas que não atrapalharia a votação do Código, estará na Coréia do Sul, participando de uma cúpula parlamentar. As sessões plenárias serão comandas pela vice-presidente, Rose de Freitas (PMDB-ES). Nem o governo nem os ruralistas sabem ao certo como a peemedebista se comportará diante de uma questão tão polêmica.

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Lucia Santa Cruz
luciasantacruz@gmail.com
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msn: lm.msc@hotmail.com

Antes de imprimir, pense em sua responsabilidade e seu compromisso com o meio ambiente.



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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Dupla miopia

O conceito de miopia de marketing, como cunhado por Theodore Levitt, não cansa de se atualizar. O caso mais recente envolveu a fabricante de sapatos e bolsas Arezzo, que depois de criar uma linha para o inverno 2011 denominada Pelemania, se viu obrigada a retirar parte dos produtos das lojas em função dos protestos que incendiaram as redes sociais.

A linha utilizava peles sintéticas e peles de animais como coelhos, ovelhas e raposas, iniciativa que sofreu ataques de ambientalistas, defensores dos direitos dos animais, internautas. A defesa da Arezzo foi tirar o corpo fora, em uma nota divulgada no dia 18/4. “Não entendemos como nossa responsabilidade o debate de uma causa tão ampla e controversa. Um dos nossos principais compromissos é oferecer as tendências de moda de forma ágil e acessível aos nossos consumidores”. (Leia a nota na íntegra aqui)
Reprodução
O“Projeto SalvaCao” postou uma montagem no Twitter, comparando os produtos da marca com animais mortos.
 
O erro da Arezzo foi não ter ouvido seu público. No mínimo, a empresa deveria ter feito uma 
pesquisa de opinião para mensurar a recepção do público a uma coleção com peles de animais. Num ambiente crescentemente preocupado com a ecologia e os direitos dos animais, ainda que continuem a existir compradores de peles naturais e de produtos feitos a partir desses materiais, o correto do ponto de vista do marketing seria justamente pesquisar o impacto de uma coleção com este apelo. A empresa parece ter se preocupado apenas em seguir uma tendência de moda internacional, sem olhar para seus consumidores e para o ambiente em torno da sua marca. A miopia de marketing, aqui, é exatamente traçar uma estratégia sem que ela esteja inserida no contexto de seu público.
Mas não se trata somente de miopia de marketing. Num mundo cada vez mais antenado com as questões ecológicas, em que cresce a preocupação ambientalista, a gestão da marca não soube medir os impactos sobre a sua imagem. O resultado é um movimento crescente de boicote à Arezzo, estampado na página da empresa no Twitter e no Facebook - mensagens que a empresa já deletou, levantando ainda outra questão hoje bastante importante em termos de Comunicação de Marketing, a transparência e o respeito a seu público. Nas redes sociais, cresce o boicote. Só num perfil criado no Facebook, já existem mais de 5 mil seguidores (confira aqui).